Já amanheceu, não dei pelo tempo passar... O céu não parece tão brilhante quanto outra hora sonhei e a luz que me ilumina não aparenta tão brilhante como um dia prometeu... Não sinto os segundos, os minutos nem as horas que por mim passam, neste pensamento que não parece meu… Há uma voz que me sussurra ao ouvido de que afinal eu irei ceder ao que realmente sou, que já estava mais do que na hora de me mostrar na realidade e menos como me quero parecer. Afinal não sou assim tão inocente, não é o que me dizes? Sim, tu voz que me diz à muito tempo que não há nada que me possa salvar e que a verdadeira imagem que tenho é irónica, calculada e fria… Tu que me fazes sentir o ar frio que acompanha as tuas palavras, a descer pelo meu pescoço em direção a minha espinha e me arrepias ate aos ossos… Tu que fazes o meu sangue ferver por uma coisa que nunca irá acontecer… por uma coisa que nunca será realidade… Tu, quem nunca poderei tocar mesmo que por um segundo, apesar dos teus lábios acompanharem a minha pele e me fazerem tremer… Sim tu, que não és real e me tentas ao inferno com o pretexto da salvação… Tu… que não existes para além da minha malvada imaginação que me trai, de forma a que nunca mais seja possível voltar ao que era antes e assim seja possível arder juntamente com os que ameacei um dia transformar em cinza.
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